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domingo, 16 de janeiro de 2011

Desastre com chuva no Brasil mata mais de 500 pessoas

publicado09:5614 janeiro '11

Tragédia de dimensões nunca vistas no Brasil

As chuvas e as derrocadas de lama já provocaram mais de 500 mortos nas zonas serranas do Rio de Janeiro. Cidades como Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto e Sumidouro estão parcialmente alagadas.

2011-01-14 13:16:45
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Desastre com chuva no Brasil mata mais de 500 pessoas
Casas destruídas em Teresópolis, no Estado do Rio de JaneiroAntónio Lacerda, EPA

As cheias no Sudeste do Brasil vitimaram mais de 500 pessoas, a grande maioria na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. Há a registar mais de 13 mil desalojados e desconhece-se ainda quantas pessoas estão soterradas debaixo da lama e da água. O governador do Rio reconhece a origem humilde da maior parte das vítimas e atribui a destruição à "desgraça do populismo". A presidente Dilma Rousseff pediu melhorias na política habitacional.

Os bombeiros lutam contra o tempo à procura de sobreviventes, mas o número de mortes está constantemente a aumentar. As operações de resgate estão em curso mas ainda existem populações isoladas. As previsões meteorológicas apontam chuva até terça-feira.

Na região serrana do Estado do Rio de Janeiro foram, até à tarde de quinta-feira, identificados 470 corpos. As cidades mais atingidas foram Petrópolis (39 vítimas), Teresópolis (223), Nova Friburgo (225), Sumidouro (19) e São José do Vale do Rio Preto (4), apurou "O Globo".

A Defesa Civil confirma que mais de 13 mil pessoas estão desalojadas, sendo o maior número registado em Teresópolis. Mais de seis mil estão em abrigos do Governo e 7780 em casa de familiares.

As fortes chuvas também provocaram vítimas nos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. No Estado mais populoso do Brasil, a cidade de Franco da Rocha está submersa há mais de dois dias. Os temporais que atingem a região desde o início do ano afetaram 73 autarquias, provocaram mais de dois mil sem abrigo e causaram a morte a mais de duas dezenas de pessoas.

Setenta cidades de Minas Gerais, onde 16 pessoas perderam a vida e mais de 2300 ficaram sem local onde dormir, decretaram situação de emergência.

Maior desastre com chuvas
O governador do Rio de Janeiro atribui o nível de destruição à "desgraça do populismo", que permitiu a ocupação de encostas em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis.

"Do início dos anos 80 para cá, as três cidades tiveram um grande problema -- a desgraça do populismo, em que um político deixa ocupar áreas como se fosse um aliado dos pobres, mas quem paga, mesmo havendo casas de classe média atingidas, é a maioria, que é pobre", afirmou Sérgio Cabral, ao lado de Dilma Rousseff.

O governador salientou a origem humilde da maioria das vítimas mortais e lembrou que a ocupação do solo urbano é da responsabilidade da municipalidade. "Muitas vezes, educar é dizer não. Não pode ser construído. Quanto menos área de risco ocupada, menor o dano", afirmou Sérgio Cabral.

Em declarações ao “Folha de São Paulo”, uma professora de Geografia da Universidade Estadual de Campinas considerou que este é o maior desastre com chuvas que alguma vez atingiu o Brasil.

Luci Hidalgo Nunes nota que existem registos de tempestades no Estado do Rio desde 1711 e é peremtória ao aconselhar que os moradores sejam retirados de habitações em áreas de risco. “As chuvas vão continuar. A dimensão do desastre é que é inaceitável”, declarou. A docente aponta ainda que o número de vítimas supera o das enchentes de 1967 no Estado de São Paulo.

Autoridades políticas preparam ajuda
A presidente do Brasil, que enfrenta a primeira crise desde que foi empossada a 1 de janeiro, sobrevoou ontem a região serrana e visitou a cidade de Nova Friburgo. "Agora nós temos de resgatar pessoas, restruturar as condições de vida nas regiões atingidas, permitindo que as pessoas tenham acesso a remédios, que tenham minorado seus sofrimentos quando perdem suas casas, seus bens", declarou Dilma Rousseff na sua primeira conferência de imprensa enquanto Presidente do Brasil.

A governante anunciou 500 milhões de euros para reconstruir as zonas afetadas, a disponibilizar da forma menos burocrática possível, e também para evitar novas tragédias. "A prevenção não é uma questão apenas da Defesa Civil. É uma questão de saneamento, drenagem e política habitacional de Governo", disse Dilma, para quem "moradia em área de risco no Brasil é a regra, não é a exceção".

Sublinhando que o ordenamento urbano do solo no Brasil é responsabilidade dos municípios, Dilma Rousseff defendeu a melhoria das políticas para a habitação e garantiu que o Governo federal não financia moradias em áreas de risco. "O mecanismo que o Governo federal tem é este. O ordenamento urbano quem faz é o município", acrescentou.

Ontem, foi também dado a conhecer o empréstimo de 450 milhões de euros do Banco Mundial ao Estado do Rio. A verba destina-se ao programa habitacional Morar Seguro, que tem por missão tirar moradores das áreas de risco.

Foi ainda anunciado o investimento de 790 milhões de euros na drenagem e contenção de encostas no estado do Rio de Janeiro até 2014. A verba integra o Programa de Aceleração do Crescimento, iniciado em 2009. A primeira fase do projeto terminou em 2010, tendo sido selecionados projetos no valor de 460 milhões euros. A segunda fase decorre de 2011 a 2014, com atribuição de 286 milhões de euros àss propostas de drenagem e contenção de encostas selecionadas.

A cidade de Teresópolis vai receber 5,8 milhões de euros, Nova Friburgo 3,9 milhões de euros e Petrópolis 490 mil euros.

Dilma Rousseff manifestou solidariedade às famílias enlutadas e colocou a estrutura do Governo federal à disposição do Estado do Rio de Janeiro.

A reunião desta sexta-feira, a primeira que Dilma faz no Palácio do Planalto com todos os seus 37 ministros, será dominada pelo impacto das chuvas no país, bem como as formas de prevenção.